Análise: SLC AGRíCOLA

Equipe Universidade da Bolsa Atualizado em 09/05/2025

Hoje falaremos sobre a SLC Agrícola, que foi fundada em 1977 e se destaca como uma das maiores produtoras de commodities agrícolas do país com cerca de 733 mil hectares de área plantada em 23 unidades de produção localizadas em sete estados brasileiros, na região do Cerrado, e com a sua matriz em Porto Alegre (RS).

A SLC atualmente produz algodão, milho e soja e se dedica à criação de gado no modelo integração lavoura-pecuária (ILP), mas a empresa também produz e comercializa sementes de soja e algodão sob a marca SLC Sementes. A empresa é uma das primeiras empresas do agronegócio a ter ações negociadas em Bolsa de Valores (código SLCE3) e já compõe alguns dos principais indicadores da B3 como o índice de referência IBOVESPA, o índice IBRX100, ICO2 e ISE, entre outros. Em 2021 formalizou sua política de Desmatamento Zero, sendo uma importante marca de sustentabilidade da empresa.

O modelo de negócio da SCL é híbrido, ou seja, ela arrenda terras já maduras, nas quais a empresa emprega competências e conhecimentos técnicos para atingir o máximo de eficiência, possui parcerias com grandes empresa (joint-venture) para arrendamento de suas terras e também possui as suas próprias terras. Atualmente, 66,2% da área total plantada são oriundos de arrendamentos e joint ventures, o restante é provido por suas próprias terras (302,2 mil hectares). A SLC dedica 40% da sua área total para reserva legal e de preservação, o que é um passo importante para as metas de sustentabilidade da empresa.
Assim, a empresa utiliza de forma eficiente seus ativos. Um exemplo é o cultivo de segunda safra, que possibilita o uso mais racional dos fatores de produção, como terra, máquinas, equipamentos e mão de obra, com menor custo de produção. Além disso, a empresa realiza por meio do sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) uma espécie de terceira safra, que é uma estratégia de produção que faz a integração das práticas de culturas anuais e pecuária em um mesmo espaço, gerando assim um ambiente mais estável no que tange as características físicas, químicas e biológicas. Essa iniciativa contribui para a sustentabilidade econômica e ambiental das operações e, ao mesmo tempo, adiciona matéria orgânica ao solo com o plantio de pastagens.

A figura abaixo mostra um resumo do Modelo de Negócio da empresa:

Modelo de Negócio da SLC
Figura 1 - Modelo de Negócio da SLC

A companhia ingressou na Bolsa de Valores em 2007, sendo a primeira do setor agrícola a ter ações negociadas na Bolsa. A SLC Agrícola possui na sua estrutura acionária o Grupo SLC como seu acionista majoritário, com 53% do capital social. Outros 45% são negociados livremente no mercado (free float), e 2% são ações em tesouraria.
O Grupo SLC, acionista majoritário, nasceu em 1945 no município gaúcho de Horizontina (RS), como uma pequena oficina que fazia a manutenção das ferramentas dos agricultores da região. Hoje, é um dos maiores grupos empresariais do Brasil, atuando fortemente nos segmentos do agronegócio e comércio de máquinas agrícolas, através das empresas SLC Agrícola, que detém mais de 50% das ações, e a SLC Máquinas, que vende máquinas agrícolas. Está presente em diversas localidades do Brasil, emprega cerca de 4 mil colaboradores e seu faturamento anual é superior a R$ 3 bilhões. Maiores informações sobre o Grupo SLC pode ser visitado no site da companhia (www.slc.com.br).

O agro-negócio é extremamente importante para a economia brasileira, pois ele representa grande parte das exportações do país. Em 2024, por exemplo, o agro-negócio representou 49% das exportações brasileiras, principalmente devido as exportações de soja e seus derivativos (33%), agropecuária (16%) e produtos florestais (10%), representando 23,2% do PIB.
O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do mundo, muito em função da sua maior área plantada como por seu ganho de eficiência e produtividade nos últimos anos. No entanto, apesar de tudo isso, o agro-negócio está sujeito ao preço das commodities no mercado, além da variação do clima e dos custos de produção, que muitas vezes ficam fora de controle da empresa.

A imagem abaixo mostra como funciona o ciclo de produção da SLC. O passo inicial é o planejamento agrícola, que é onde os profissionais estudam o mercado de commodities para o ciclo atual e futuro, observando as projeções do clima nos locais de plantio e trabalhando nos custos de produção de cada cultura. Dentro desse planejamento também está a aquisição dos insumos que serão utilizados no processo, como: sementes, defensivos e fertilizantes, além do trabalho de organização das oportunidades de venda das colheitas.
Em seguida, temos o preparo da terra, a semeadura e o manejo, também podendo entrar a rotação de culturas para manter a sustentabilidade do solo. A colheita das safras vai ocorrer apenas entre janeiro e setembro, iniciando com a soja, depois o milho e, em setembro, a colheita do algodão. A SLC possui um mapa de colheita, que é uma ferramenta computadorizada onde ela registra, através de imagens de satélite e mapas de produtividade das safras, as plantações em um banco de dados, que se refere a todos os manejos que a empresa fez nos anos passados. Isso também ajuda a empresa a monitorar e identificar qualquer variação que ocorra.

Ciclo de Produção
Figura 2 - Ciclo de Produção

A companhia também tem um planejamento estratégico, que é responsável por uma análise de longo prazo, em que a companhia está interessada na busca de oportunidades de mercado, seja na compra de insumos ou na venda de commodities.
Para isso, a SLC também se preocupa com seus estoques. Assim, ela cuida do processo de beneficiamento e armazenagem com alta tecnologia. Com isso, a empresa visa a qualidade dos produtos para obter a máxima qualidade. Por isso, ela controla a umidade, secagem e a classificação dos seus produtos, além de toda infraestrutura de armazenagem. Atualmente, ela possui uma capacidade de armazenar 1.054.920 toneladas de grãos (soja, milho, trigo, sorgo, girassol e outros) e 190.447 toneladas de algodão.

A SLC disponibilizou o cronograma abaixo que ela considera ideal para Plantio e Colheita na safra 2024/2025:

Cronograma ideal de Plantio e Colheita
Figura 3 - Cronograma ideal de Plantio e Colheita

Em relação à safra 2024/2025, a CONAB, segunda seus dados de Abril de 2025, estima que tenhamos uma produção de 330,3 milhões de toneladas. Ou seja, um crescimento de 10,9% em relação à safra anterior, sendo que no final de Março de 2025 as culturas de primeira safra estavam em fase final de colheita, as de segunda safra em vários estágios de desenvolvimento e as de terceira safra em fase inicial de plantio. Já em relação às culturas, a CONAB aponta para um incremento de 5,1% no algodão, milho 7,8% e a soja em 13,6%.

A empresa disponibilizou a área plantada para a safra atual em relação à safra anterior:

Área plantada da Safra Atual e Anterior
Figura 4 - Área plantada da Safra Atual e Anterior

Em relação à safra 2024/25, a companhia possui um portfólio de terras de 267 mil hectares próprios, 352 mil hectares arrendados, e 113 mil hectares com as suas joint-ventures. Isso configura um total de 732 mil hectáres sob controle, ou seja, um incremento de 10,6% em relação ao ano anterior. Lembrando que o aumento na área plantada reflete a ampliação da parceria com o Grupo Soares Penido, a nova joint venture criada com a Agropecuária Rica e o novo contrato de arrendamento celebrado no Piauí.

Ao final do 4 Trimestre de 2024, a SLC obteve uma receita líquida anual de R$ 1,97 bilhão, uma alta de 3% em relação ao ano anterior. Mesmo que a empresa tenha uma queda nos volume e nos preços da soja e do milho, muito em função do déficit de chuvas, o algodão compensou essas perdas com uma alta de 63% a receita em relação ao ano anterior.

Segue abaixo a receita líquida separada por segmento:

Receita líquida por segmento
Figura 5 - Receita líquida por segmento

O lucro bruto do 4T24 foi de R$ 722 milhões (-3,2% em relação ao ano anterior), com margem bruta de 36,6%. A imagem abaixo mostra o panorama dos resultados:

Resultado financeiro da SLC
Figura 6 - Resultado financeiro da SLC

A dívida líquida ajustada encerrou o 4T24 em R$ 3,7 bilhões, o que representa um indicador dívida líquida/EBITDA ajustado ficou em 1,8x, ainda representando um patamar bastante confortável.

Por fim, a SLC divulgou a aquisição da Sierentz, acrescentando 100 mil hectares de área plantada para a safra 2025/26, o que representa um acréscimo de 13% sobre a área plantada na safra atual. A SLC também aprovou R$ 241 milhões em dividendos, ou R$ 0,83 por ação, a serem pagos em 15 de maio/25.

Em relação aos preços das ações da SCL, temos uma desvalorização de 30% desde 2022, muito em função dos preços das commodities nos últimos anos nas suas principais cultura (soja, milho e algodão) e também devido à desaceleração das economias globais. O aumento dos custos de produção e despesas também pressionam os resultados da companhia. A empresa trabalha com hedge, o que tem dado bons resultados, para tentar mitigar a variação dos preços no mercado.
No entanto, a SLC segue com a sua estratégia de expansão, seja comprando novas terras através de preços atrativos em função do baixo crescimento do mercado, ou então fazendo joint-ventures.

Analisando através de uma perspectiva fundamentalista, temos um preço alvo em torno de R$23,00 para SLC, o que é um pouco acima do preço atual de R$20,00 que ela está sendo negociada. Isso porque consideramos um valor de mercado de R$ 9 bilhões e de mercado em R$ 12,6 bilhões, o que representa um EV/EBITDA de 6,2x.

Agora verificando o gráfico da SLC, podemos ver muitos pontos técnicos em destaque. Isso mostra como os preços das ações da empresa tem oscilado bastante, seja através de rompimentos de área importantes ou através de retestes frequentes.

Análise Técnica da SLC
Figura 7 - Análise Técnica da SLC

Um preço muito interessante de compra é por volta da região dos R$16 e R$17 reais, região muito frequentada pelo mercado. No entanto, recentemente o preço rompeu essa região e entrou na zona entre os R$19 e R$20,50. Sem dúvida a melhor região é abaixo, entre R$16 e R$17, o que pode exigir paciência do investidor para que o mercado volte a este ponto.


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